Cobertura FdC3: Lia Medeiros encerra programação de palestras master

19 de outubro de 2019 - 14:11

Cientista brasileira participou do grupo que revelou ao mundo a primeira imagem de um buraco negro

A astrofísica brasileira Lia Medeiros encerrou as palestras Master do último dia de Feira do Conhecimento 2019, na noite do último domingo (19/10). A cientista, envolvida no projeto que em abril deste ano divulgou a primeira imagem de um buraco negro, levou ao público uma apresentação que reuniu física, astronomia, e tópicos como buracos negros, cosmologia e até mesmo o Centenário do Eclipse de Sobral em 1919.

Lia é brasileira, mas completou seus estudos nos Estados Unidos. Doutora em Física pela Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, ela iniciou a palestra falando sobre as teorias da gravidade e como a teoria de Albert Einstein de que a luz é afetada pela gravidade acabou prevendo a existência de buracos negros. “A luz sempre que ir numa linha reta, mas ela sempre terá sua trajetória deformada por conta da massa de um objeto”, explicou Lia. “É possível constatar isso medindo a exatidão de uma estrela até a terra. Visualizando a luz da estrela seis meses após a primeira medida, veremos que ela terá sua luz deformada ao passar próxima ao sol. A luz da estrela sofreu uma curvatura para chegar na terra”.

Isso foi testado no Ceará, em maio de 1919, pelo Eclipse de Sobral. Um eclipse total que permitiu ver as estrelas e que a gravidade do sol conseguia curvar a trajetória da luz, comprovando a teoria de Eistein. Entender a Teoria da Gravidade é fundamental para entender o conceito de Buracos Negros já que o Buraco Negro é um local no tempo espaço que a gravidade é tão forte que a curvatura é tão extrema que nem a luz pode escapar, ou seja, é engolida.

“O universo produz buracos negros com facilidade”, diz Lia, que nesse momento começou a esclarecer sobre essas regiões do espaço infinitamente densas de onde nada se escapa. “A fronteira teórica ao redor de um Buraco Negro se chama Horizonte de Eventos. Ali, a luz ainda pode escapar. Já no interior, não. Todos os Buracos Negros estão muito distantes da terra. O da foto publicada em abril está a 55 milhões de anos luz de nós”, destacou Lia.

Em seguida, Lia explicou os métodos astronômicos para encontrar buracos negros no universo e as técnicas utilizadas, como a Interferometria, que utiliza ondas de rádio vindas do buraco negro, receptadas por telescópios de rádio posicionados em extremidades da terra. Esse material é analisado por computadores poderosos.

Finalizando a apresentação, Lia falou sobre o processo que construiu a imagem do buraco negro. Segundo a cientista, o processo envolveu anos de trabalho e uma equipe de mais de duzentas pessoas de diversos cargos. Até que finalmente diversos telescópios ao redor do globo, espalhados em Chile, México, Arizona, Hawai e Polo Sul, trabalharam na captação de ondas e imagens, sempre necessitando de períodos de tempo limpo e claro para suas observações. Foram dois anos de coletas de dados, análises e projeções para projetar e construir a primeira imagem de um buraco negro conhecida pela humanidade.