Cientista Chefe irá apresentar soluções para a pavimentação no Ceará

4 de novembro de 2020 - 16:32


Secretário Inácio Arruda participará do evento virtual, que será transmitido via YouTube

Após um ano do início das atividades do Cientista Chefe de Infraestrutura, foram apresentados os primeiros resultados, que podem tornar mais eficaz e barato o trabalho de pavimentação no Ceará. As soluções serão apresentadas nesta quinta-feira, dia 5, em uma live com a participação do professor Jorge Soares, da Universidade Federal do Ceará (UFC), Cientista Chefe da Infraestrutura, do titular da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece), Inácio Arruda, e do superintendente de edificações da Superintendência de Obras Públicas (SOP-CE), Celso Lelis.

A equipe conta com mais seis doutores do Centro de Tecnologia da UFC e de parceiros como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). A pesquisa obteve até o momento, dentre outros resultados, a elaboração de manuais de melhores práticas para serviços de pavimentação, o desenvolvimento e a adaptação de normas técnicas na área, a elaboração de mapas temáticos para apoiar projetos de pavimentos, o desenvolvimento de uma tecnologia de detecção automática de trincas e buracos e um mapa de conservação das pontes cearenses.

Como parte do trabalho, foram realizadas análises de sensibilidade em relação às estruturas de pavimentos típicas do Ceará e constatou-se que algumas delas, da forma como estão sendo construídas atualmente, podem causar perdas de recursos para a Superintendência de Obras Públicas do Ceará (SOP), órgão vinculado à Secretaria das Cidades. Um exemplo é o uso de métodos empíricos de dimensionamento, para o revestimento asfáltico (baseados apenas em experiências, sem o suporte de dados sobre as propriedades mecânicas dos materiais e de cálculos estruturais obtidos através de procedimentos científicos).

Foi observado que em rodovias de baixo volume de tráfego esses métodos empíricos podem levar ao superdimensionamento de pavimentos. Da mesma forma, nas rodovias de tráfego pesado pode haver subdimensionamento. O pesquisador salienta que, em ambas as situações, há risco de prejuízos financeiros. No caso da estrutura superdimensionada, isso pode, por exemplo, levar a espessuras de camadas de revestimento asfáltico sem necessidade. Já no subdimensionamento, o pavimento pode falhar antes do tempo previsto, levando a um gasto adicional de recursos públicos para recuperação ou restauração.

O professor ressalta outro resultado obtido na pesquisa, que foi a implantação de um processo semi-automatizado de levantamento de quantitativos de defeitos, planejamento e gerenciamento da malha. Segundo ele, esse processo é composto de 3 etapas: a primeira de observação em campo, a segunda de análise dos defeitos e a terceira de análise da distribuição destes defeitos na malha viária, que dá suporte à tomada de decisão de manutenção.

“Classicamente, as normativas nacionais recomendam a observação por técnicos, trafegando sobre a rodovia a cerca de 40 km/h, com anotação dos defeitos e posterior compilação dos dados”, explica o pesquisador. No Ceará, desde 2016 um registro fotográfico é produzido para a primeira etapa, com toda a malha estadual fotografada, metro a metro, com georreferenciamento das imagens. Após esse procedimento, a análise ainda é feita manualmente.

Com o trabalho da equipe do Cientista Chefe, o arquivo de imagens foi aproveitado para o desenvolvimento de uma ferramenta de Inteligência Artificial que faz a detecção automática de defeitos de pavimentos, tornando mais rápido e barato o procedimento de análise e permitindo que os profissionais qualificados possam se concentrar mais na interpretação dos resultados e na orientação direta para as tomadas de decisões. “Isso vai trazer mais eficiência para a atividade de tratamento dos dados”, enfatiza Jorge Soares.

Outro benefício trazido pelo projeto do Cientista Chefe é que parte dos levantamentos agora pode ser feita com smartphones. “E com um bom índice de acerto, não distante das fotografias tiradas com câmeras de alta resolução”, explica o pesquisador. Além disso, o smartphone pode ser usado para gerar um relatório com a detecção automática de defeitos. “É uma alternativa para pequenos serviços de avaliação que sejam necessários ao longo do ano, sem precisar esperar os levantamentos anuais que cobrem toda a extensão da malha rodoviária”, ressalta ele.

Para garantir o início da melhoria de desempenho nas obras e serviços executados na malha rodoviária cearense, os pesquisadores desenvolveram manuais de melhores práticas para os tipos de revestimentos mais usados, como tratamentos superficiais e misturas asfálticas densas. Essas publicações foram elaboradas combinando as análises feitas pela equipe do Cientista Chefe com as normas em vigor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e resultados de pesquisas recentes na área, tanto em âmbito nacional quanto internacional. O professor Jorge Soares destaca que o trabalho é feito sempre com a cooperação do corpo técnico da SOP e o acompanhamento da Controladoria Geral do Estado (CGE) e do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Por fim, com o objetivo de apoiar o planejamento rodoviário, considerando os seus aspectos físicos e regionais, o grupo elaborou 198 mapas temáticos a partir dos 11 distritos operacionais da SOP, que abrangem todo o território do Estado. “Essas informações constituem uma base fundamental para que sejam gerados, no futuro, modelos de comportamento geotécnico para cada distrito”, enfatiza o professor. Os mapas consideraram os seguintes parâmetros: limites territoriais, geografia física, geologia, hidrografia, altitude, relevo, recursos do solo, pavimentação e vegetação.

Para 2021, a equipe do Cientista Chefe de Infraestrutura tem como meta o início de um projeto envolvendo edificações relacionado à implementação da tecnologia Building Information Modeling (BIM) – modelo virtual que reúne um conjunto de informações geradas e mantidas durante todo o ciclo de vida de um edifício. Outro objetivo, também ligado às edificações, mas para o desenvolvimento de projetos e a fiscalização, é implantar o Planejamento e Controle da Produção (PCP). Essa técnica auxilia o gerenciamento da produção de uma indústria, permitindo que ela consiga planejar quando, quanto, onde e em que ordem produzir e verificar se tudo está funcionando de acordo com o que foi programado.

Sobre o Programa Cientista Chefe
Criada na atual gestão da Funcap, a iniciativa tem como objetivo unir o meio acadêmico e a gestão pública. Através dele, equipes de pesquisadores trabalham em secretarias ou órgãos estratégicos do Governo do Estado para identificar soluções de ciência, tecnologia e inovação que podem ser implantadas para melhorar os serviços e proporcionar mais qualidade de vida à população. Saiba mais sobre o programa em www.funcap.ce.gov.br/programas-de-auxilio/programa-cientista-chefe/.

SERVIÇO
Live de apresentação de resultados: Cientista Chefe da Infraestrutura
Data: 05/11
Horário: 15 horas
Link de acesso: www.youtube.com/channel/UCIN1YuqLQeHzCF0GnKITnUQ

Fonte: Assessoria de Comunicação da Funcap