Cientista Eurico Arruda pede mais investimento para a ciência

6 de maio de 2020 - 23:02 # # #

Durante videoconferência sobre Pandemia, Ciência e Defesa da Vida, o cientista defendeu também o isolamento social

Especialistas debateram na tarde desta quarta-feira (06/05) as causas e consequências da pandemia provocada pelo coronavirus, a importância da ciência e a luta pela defesa da vida. O evento, organizado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior, teve como conferencista o virologista Eurico Arruda, Professor Titular de Virologia na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP. Participaram também a infectologista Melissa Medeiros, coordenadora da Liga de Infectologia da Unichristus, e o infectologista Keny Colares, professor e pesquisador do curso de Medicina e do Programa de Pós-graduação em Ciências Médicas da Universidade de Fortaleza. A mediação foi do secretário Inácio Arruda.

Durante sua fala, Eurico Arruda, destacou a necessidade dos governos investirem mais na pesquisa, na busca do conhecimento e defendeu o isolamento social. Disse da importância de se estudar os bichos, especialmente o morcego, e do nosso relacionamento com a natureza, de forma a entender o papel do vírus na árvore da vida.

De acordo com o cientista, os primeiros coronavírus foram descobertos em 1961 e de tempos em tempos aparecem nas investigações de infecções respiratórias. Para ele, não voltaremos ao normal imediatamente. São vários os medicamentos que estão sendo pesquisados e testados e a vacina ainda vai demorar.

O cientista disse também que ainda são muitas as dúvidas sobre a Covid-19. Não se sabe ainda quando acontecerá o recrudescimento dessa fase da pandemia, se a curva ainda vai crescer no Brasil, ou se haverá uma segunda ou terceira fase dessa onda. Segundo Eurico Arruda é preciso estudar os animais, como o morcego, por exemplo, e que é muito provável que o Sars-Cov-2 esteja também em outros animais.

“O espalhamento desse vírus é assombroso”, afirmou, destacando a facilidade do coronavirus se diversificar na natureza. A pandemia terá efeitos secundários, especialmente nas regiões que não foram acometidas na primeira onda. “É importante usarmos essa experiência para refletirmos sobre nossa relação com a natureza”, destacou.

Durante a conferência, a infectologista Melissa Medeiros também defendeu mais investimentos para a ciência, disse que não se pode acreditar em tratamentos mágicos e, apesar de todos saberem que poderia acontecer uma epidemia viral, muitos não acreditaram na intensidade da doença. Melissa destacou também a situação dos profissionais de saúde que estão na linha de frente nos hospitais. “Além do peso físico do trabalho, eles sofrem com o emocional, com a angustia de não poder fazer nada”. E pediu para que todos ficassem em casa.

Já Keny Colares abordou o aspecto de que essa pandemia não foi um fato imprevisível, que não aconteceu de forma isolada. Já era esperada uma grande pandemia de vírus. Para o cientista, nada acontece atoa. O crescimento habitacional, a forma de vida do ser humano, o adensamento e a mobilidade humana, são fatores a serem analisados. “Nós criamos a situação para que essa doença prosperasse”, disse. “Precisamos sair dessa epidemia pensando em como vamos montar um trabalho no futuro, como vamos monitorar a chegada de outros vírus”, finalizou.