Madeira de cajueiro é utilizada na fabricação de móveis no Ceará
17 de fevereiro de 2020 - 15:41
Ensaios mecânicos comprovaram a qualidade do material, sua resistência a pragas e ótimo custo-benefício. Cadeiras e poltrona estão disponíveis para visitação na Secitece
Atualmente, o Ceará possui 300 mil hectares de cajueiros plantados que estão, aos poucos, se tornando improdutivos. A madeira desta árvore sempre foi um material sem a devida valorização – é comum vermos em beiras de estrada e no campo troncos de cajueiros caídos ao chão, compondo o cenário da paisagem nordestina. A justificativa para o descarte após a poda vem das características desta madeira, bastante fibrosa, muitas vezes utilizada apenas como lenha para abastecer olarias.
Porém, a usabilidade da madeira do cajueiro foi testada e aprovada para a fabricação de móveis. A experimentação realizada pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Estado (Secitece), por meio do projeto Intercaju, confirmou que além dos cajus e das castanhas, a planta pode fornecer uma madeira de qualidade, resistente a pragas. E o melhor: com ótimo custo-benefício.
O trabalho contou com a parceria da Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial (Nutec), que ajudou no desenvolvimento e na adaptação de uma tecnologia de processamento de madeira de cajueiro com vistas a agregar valor a um bem que até então era descartado na natureza.
A concepção e a implementação da tecnologia estiveram sob a coordenação do engenheiro mecânico Arquimedes Bastos, pertencente ao quadro de servidores do Nutec e integrante do projeto Intercaju. A visão empreendedora do engenheiro e empresário Osterno Júnior, proprietário da empresa Osterno Móveis, também foi decisiva para a confecção de alguns protótipos para demonstração dessa viabilidade.
Após diversos ensaios, foram desenvolvidas duas cadeiras e uma poltrona, disponíveis para visitação na sede da Secitece, em Fortaleza.
Cadeiras desenvolvidas com a madeira de cajueiro
Poltrona desenvolvida com a madeira de cajueiro
Polo moveleiro
Os testes aconteceram no município de Marco, no Norte do Estado, que reúne cerca de 50 fábricas de pequeno, médio e grande porte e que, juntas, desenvolvem um polo industrial na região. Hoje, o Polo Moveleiro de Marco gera mais de 2 mil empregos diretos e 6 mil indiretos.
Empresário e engenheiro Osterno Júnior mostra a cadeira desenvolvida com a madeira de cajueiro para o secretário executivo da Secitece, Francisco Carvalho
Palestra da Secitece sobre tecnologia de processamento de madeira de cajueiro para industriais e técnicos das indústrias do Polo Moveleiro
Outras possibilidades da madeira
Além de ser matéria-prima para móveis, está comprovado que a madeira do cajueiro possui outras possibilidades, como para o desenvolvimento de componentes para a produção apícola, peças para paletes, portas e banquetas. O projeto Intercaju, inclusive, criou um equipamento inovador para processar a madeira de cajueiro.
Processamento da madeira de cajueiro
Componentes para paletes feitos com madeira de cajueiro
Colmeias desenvolvidas com madeira de cajueiro