Marcelo Gleiser garante: “nós estamos aqui sozinhos”
17 de abril de 2017 - 13:56
Durante palestra na Bienal do Livro, o físico e astrônomo disse que a Terra é um oásis de vida em volta de planetas inóspitos
O físico, astrônomo e professor Marcelo Gleiser foi a principal atração da noite desse domingo (16.04), na XII Bienal Internacional do Livro, que acontece no Centro de Eventos do Ceará. Para uma plateia formada por cientistas, estudantes, professores, Marcelo Gleiser abordou o tema “A humanidade, o universo, a vida: perspectivas da Ciência, Filosofia e Religião”, destacando que o universo é uma entidade em constante transformação. E nós somos parte dele. “Nós estamos aqui sozinhos. Se existir algum planeta parecido está muito longe, a milhões de anos luz. A vida é rara e somos únicos nesse universo”.
O professor de física e astronomia do Dartmouth College mostrou que a ciência não se restringe apenas ao campo acadêmico e contextualizou-a dentro de um quadro maior, longe de todos os estereótipos. Falou também a respeito das origens e da evolução do Universo, inserindo ali o ser humano. “Somos parte do universo, não somos mero acidente”.
Destacou ainda a necessidade da curiosidade, pois só através da busca do conhecimento a vida se torna interessante. “O ser humano é inquieto, quer saber quem é, o que vai fazer. O importante é saber que tipo de vida você vai ter para, no futuro, olhar para trás e dizer que fez diferença não apenas no mundo, mas na vida das pessoas que conviveu”, ressaltou.
A programação com Gleiser aconteceu com apoio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece), reunindo o secretário da pasta, Inácio Arruda; o professor Marcos Vale; o professor Demerval Carneiro, responsável pelo planetário do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura; e um dos curadores da Bienal, Kelsen Bravos. Antes da palestra, houve a apresentação do grupo Seara da Ciência, com a peça “Poeira Estelar”.
Ainda durante sua fala, o professor Marcelo Gleiser explicou que o planeta Terra tem 4,5 bilhões de anos. A origem da vida no universo começou há 3 bilhões de anos, quando só havia bactérias. “Os dinossauros apareceram muito tempo depois. Com a colisão da Terra com o asteroide, aconteceu a destruição de 40 milhões de seres vivos. Essa explosão provocou a mutação das bactérias em bactérias fotossintéticas, transformou a atmosfera da terra. Foi quando apareceu a fotossíntese. O homem está na terra há apenas 200 mil anos. Muito recentemente. “Mas como surgiu a primeira bactéria? Ninguém sabe. Esta é uma questão incognoscível”, disse o físico.
Para o professor Marcelo Gleiser, a terra é um experimento biológico. Quando olhamos para o céu, estamos olhando para o passado. Porque a distância entre as galáxias é de dezenas de milhões de anos luz. Cada galáxia possui 2 bilhões de estrelas, 99% das estrelas têm planetas. A astronomia quer descobrir outros planetas com as mesmas características da terra.
Destacou que a emoção mais profunda que podemos experimentar é o “mistério”. Vivemos no que ele denominou de “Ilha do Conhecimento”. Quanto mais se sabe sobre o universo, mais temos que aprender. E encerrou afirmando que “somos muito mais especias do que pensamos. O nosso planeta é um oásis de vida em volta de planetas inóspitos”. E fez um apelo: “O planeta Terra está em apuros – Somos sete bilhões de pessoas. O aquecimento global é muito sério. A questão da água também. Precisamos de uma nova moralidade para um novo milênio. Nós construímos nossa história: seja o futuro do seu planeta. Se quisermos ficar aqui temos que cuidar muito bem dele”.