Problemas de conectividade dificultam uso das TICs nas escolas brasileiras

20 de novembro de 2015 - 14:04

As tecnologias de informação e comunicação (TICs) são o ponto de partida para acessar a informação no século 21. O avanço nesse acesso, sobretudo com a internet, dispositivos móveis e demais ferramentas digitais alterou radicalmente a forma de inovar, socializar e construir conhecimento. No entanto, nas escolas públicas brasileiras, as novas tecnologias tem encontrado cada vez mais restrições para expandir e contribuir com o ensino.

De acordo com uma pesquisa nacional sobre o uso das TICs na educação do País, realizada em 80.774 escolas públicas urbanas pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do total de unidades de ensino pesquisadas, 67% possuem rede wi-fi, mas em 96% delas o uso não é permitido ao aluno. Além disso, 84% dos professores e 89% dos coordenadores pedagógicos entrevistados afirmam que a baixa velocidade de conexão dificulta o uso das tecnologias nas escolas.

“Quando comparamos a quantidade de alunos conectados à internet com o uso que é feito em instituições de ensino há um gap muito grande que precisa ser vencido. Hoje,  87% dos estudantes dessas escolas são internautas. Ou seja, o uso está sendo feito em outros espaços”, informou Fabio Senne, coordenador de Projetos de Pesquisas da Cetic.br.

Segundo o diretor do Departamento de Banda Larga do Ministério das Comunicações (MC), Artur Coimbra, um levantamento preliminar da pasta apontou que seria necessário uma velocidade de conexão de 78 Mbps (megabits por segundo) para atender da melhor forma possível cada escola. Atualmente são usados por volta de 2 Mbps nas que possuem acesso a internet. “Isso mostra o distanciamento onde estamos hoje e onde queremos chegar.”

Para atingir essa meta, o governo tem desenvolvido o programa Banda Larga para Todos, ainda sem data de lançamento, que deverá atender 1.400 cidades brasileiras e 40 mil escolas urbanas com a rede de fibra óptica. “A presidente Dilma reafirmou recentemente o compromisso de fazer o programa. Isso significa que um serviço essencial será disponibilizado a custo baixo de mercado. É um passo inicial para tentarmos aproximar o que queremos da nossa realidade”, comentou Coimbra.

Condição necessária

A Fundação Lemann é uma entidade sem fins lucrativos que há mais de dez anos trabalha com educação pública no Brasil. Segundo a coordenadora de Projetos em Políticas Educacionais da instituição, Daniela Caldeirinha, ainda há pelo menos nove mil escolas no País sem qualquer acesso à internet e outras 4.411 que poderiam ter banda larga com mais velocidade.

“Conexão não é condição exclusiva, mas condição necessária. Sem ela nós vamos avançar pouco nesse tema. É preciso articular vários atores para colocar isso adiante e o Brasil precisa se comprometer com metas que de fato vão promover maior condição de usar tecnologias com finalidade pedagógica relevante”, ponderou.

No entanto, além da conectividade, a incapacidade de gestão do acesso nas escolas foi apontada como um dos entraves no uso das TICs pelo coordenador de Mídias e Conteúdos Digitais do Ministério da Educação (MEC), Marcos Toscano. “Não é má vontade da escola, mas essa é uma questão complexa. O histórico de gerenciar alunos em um sistema defasado já é complicado sem TICs. Com esse dispositivo tudo fica mais complexo, ainda mais se os professores não tem treinamento para isso.”

O debate sobre o assunto ocorreu nesta terça-feira (17), no Ministério das Comunicações, durante o 2º Encontro Interministerial “Diálogo sobre Políticas Públicas e Indicadores TIC no Brasil”.

Fonte: Agência Gestão CT&I