Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de 2014 contou com mais de 89 mil atividades cadastradas

15 de janeiro de 2015 - 12:36

De acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a 11ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT 2014) contou com mais de 89 mil ações cadastradas no site oficial do evento, em todas as regiões. As ações foram realizadas em 897 municípios, segundo informações enviadas ao MCTI até 10 de dezembro.

Em Fortaleza, de 17 a 19 de dezembro, a Exposição “Ceará Faz Ciência” marcou a realização da SNCT no Ceará. O evento contou com diversas atividades que demonstraram, na prática, de que modo Ciência e Tecnologia podem ser aplicadas como ferramenta de inovação e desenvolvimento social.

A exposição foi gratuita e aconteceu no Hotel Oásis Atlântico (Avenida Beira Mar, 2500 – Meireles), em conjunto com a Feira Estadual de Ciência e Cultura, organizada pela Secretaria de Educação do Ceará (Seduc). A coordenação da SNCT no Ceará ficou a cargo da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece). A Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) esteve presente ao evento. Técnicos da Fundação esclareceram dúvidas dos visitantes sobre os programas de bolsas e de auxílios ofertados pela Funcap.

A Feira Estadual de Ciência e Cultura chegou à oitava edição em 2014, representando as pesquisas desenvolvidas durante o ano nas escolas públicas. Foram apresentados mais de 138 projetos nas seguintes categorias: Linguagens, Ciências Ambientais, Ciências Humanas, Robótica Educacional, Ciências da Natureza, Matemática e Iniciação Científica no Ensino Fundamental.

Acessibilidade e Robótica

Gabriel Webertt da Silva Sousa e Wellington Vasconcelos Costa, da Escola Estadual de Educação Profissional Julia Giffoni estavam entre os 138 expositores presentes. Orientados pela professora Rita de Cássia Souza, os jovens participaram do projeto Acessibilidade e Robótica, já com quatro anos de existência.

O projeto surgiu quando os primeiros alunos participantes tentaram ajudar um colega portador de deficiência motora. “Os meninos, percebendo essa dificuldade dele se locomover, começaram a pensar em um projeto onde eles pudessem ajudá-lo, principalmente na hora da alimentação”, disse Rita de Cássia. O intuito os estudantes era que o robô levasse o alimento até o colega. “Os meninos começaram a escrever esse projeto e surgiu a idéia de um robô”, explica a professora. “Então, se reuniam pra fazer pesquisa, pra desenvolver o trabalho. Foram estudando, vendo as possibilidades desse robô dar certo na escola”, acrescenta.

Com o tempo, os estudantes perceberam não ser viável o modelo planejado, mas nem por isso desistiram. Criaram um robô mais automatizado. Os alunos começaram a pensar também na programação do robô pra que o colega pudesse ter independência em controlá-lo.

“A importância desse projeto pra gente na escola é principalmente a questão do estudo, da pesquisa, da aplicabilidade, da integração desses alunos e uma proposta interessante é que esse projeto é um projeto contínuo. Nós já trabalhamos há quatro anos, passando de aluno pra aluno”, destaca a professora orientadora. De acordo com Rita, participaram inicialmente os alunos no primeiro ano e depois foi preciso engajar alunos do segundo e do terceiro ano. “Os alunos que criaram o projeto no primeiro ano saíram. Hoje, já estão na faculdade. E aí existem outros alunos que vão entrando na escola e já vão se engajando nesse projeto de pesquisa e de estudo”, comemora.

Ecotelhado

Alunos da Escola de Ensino Fundamental e Médio José Valdo Ribeiro Ramos, Erick Martins e Vitória Pinheiro participaram do evento com o projeto Ecotelhado, com a orientação da professora Claudeane Alves. De acordo com Erick, a iniciativa surgiu por conta de uma necessidade da escola. Participantes do clube de ciências da escola, os estudantes começaram a pesquisar uma maneira de resolver o problema das salas de aula muito quentes. A solução encontrada foi o projeto Ecotelhado, que busca adaptar o telhado de uma sala de aula utilizando embalagens de leite Tetra Pak. “Mas nós não tínhamos a tecnologia e o material correto para fazer”, frisa Erick.

No entanto, insistiram com o projeto. Apresentaram-no aos amigos, colegas de classe, pais de alunos e professores, resultando em uma coleta seletiva na comunidade em busca das caixas de leite Tetra Pak, usadas para elaboração do telhado ecológico. “E nós já vimos que nós conseguimos dar uma utilidade para um material que demoraria muito tempo para se degradar na natureza. Nós vimos alguns problemas, mas cada vez mais tentamos melhorar o projeto, deixá-lo na sua forma mais perfeita possível”, aponta Erick Martins.

Para Vitória Pinheiro, a participação no evento é um reconhecimento do esforço feito. Segundo ela, são os poucos alunos interessados em desenvolver projetos. “A gente veio aqui mostrando o nosso trabalho. Foi muito tempo de pesquisa, muito cansativo. É uma coisa que você quer ter um crédito e acho que isso mostra que aqui a gente está tendo nosso crédito”, destaca Vitória.

Tijolo Ecológico

“E nosso projeto é esse: Economizar argila do solo, utilizar a fibra do coco, já que não tem mais utilidade, montar a cooperativa, gerar emprego e construir casas sustentáveis, salas de aula sustentáveis pra pessoas carentes”. A afirmação é do estudante Antônio Marcos Siqueira de Sousa, da Escola de Ensino Médio de Amarelas, em Camocim, explicando os objetivos do projeto Tijolo Ecológico.

O projeto surgiu a partir de uma ideia do professor Jean Marcelo Balbino da Cunha. Após uma pesquisa sobre como produzir tijolos utilizando fibras de coco, decidiram tentar também. Segundo Antônio Marcos, a escola fica localizada próxima a uma grande fazenda produtora de cocos, e como os produtores utilizam apenas a água do coco e a polpa, uma grande quantidade de casca é deixada de lado. Foi feito então uma parceria para a utilização desse material a ser descartado.

Para o estudante, foi uma ótima ideia, pois a maioria dos pais dos alunos e até mesmo alguns alunos trabalham em Olarias fazendo tijolos artesanais. “O nosso projeto é tanto reciclar a casca do coco, que não tem mais utilidade, e também fazer o tijolo”, explica. “Então, é um produto viável. E pessoas de baixa renda e até mesmo pessoas muito humildes, que moram ainda em casa de sapé, casas de taipa, podem fazer o próprio tijolo e fazer a própria casa”, acrescenta. Os tijolos fabricados com 10% de pó de fibras e misturados com argila não apresentaram problemas no testes realizados pelo Instituto Federal do Ceará.

De acordo com Antônio Marcos, já há uma tentativa de montar uma cooperativa para a comunidade produzir tijolos ecológicos em maior quantidade para a venda. Ele explica que ao produzir mil tijolos com a implementação da fibra foi evitado o descarte de 120 cocos, poupando 100 kg de argila. “Ou seja, a gente tira mais de 120 cocos dos lixões e poupa o solo. Então o nosso projeto é um projeto que tem vários caminhos, vários benefícios”, destaca.

SNCT 2015

De acordo com o MCTI, a edição 2015 da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia terá como tema “Luz, ciência e vida”, baseado em uma decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas, que proclamou 2015 como o Ano Internacional da Luz.

Fonte: Assessoria de Comunicação da FUNCAP