Projeto Chuva vai monitorar nuvens quentes em Fortaleza

6 de abril de 2011 - 09:47

Campanhas ao longo de quatro anos devem ajudar a prever grandes torrentes em todo o País

Com experimentos em sete cidades do País, o Projeto Chuva começou, em Fortaleza, sua segunda campanha. Até 30 de abril, irá estudar a atmosfera da capital cearense em busca de modelos de previsão e estimativa de chuva mais precisos. É o segundo dos sete experimentos programados.

Realizado pelo Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Projeto Chuva terá sete pontos de medição na região metropolitana de Fortaleza. Durante todo o mês de abril serão coletados dados das chamadas “nuvens quentes”, típicas de regiões tropicais, que evoluem sem formar partículas de gelo em seu interior.
Tais nuvens estão associadas às chuvas fortes e contínuas, que costumam provocar deslizamentos de encostas e enchentes, como as que ocorreram nos últimos anos em Santa Catarina, Rio de Janeiro, Alagoas e Pernambuco.

E uma das principais preocupações do Chuva é que as precipitações provocadas por nuvens quentes não são consideradas nas estimativas dos atuais satélites em órbita, segundo o pesquisador do CPTEC/INPE, Luiz Augusto Machado, coordenador principal do Projeto.

“Vamos buscar incluir as nuvens quentes nas estimativas de chuva, podendo antever um evento meteorológico severo. São medições inéditas, que começam em Fortaleza. O experimento vai melhorar nossa qualidade de previsão do tempo em regiões tropicais”, explica Luiz Augusto Machado.

Os dados serão obtidos através de sondas lançadas à atmosfera. Na última sexta, 1º de abril, foi lançada a primeira radiossonda em Fortaleza, na estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no Passaré.

A radiossonda receberá informações da atmosfera, como temperatura, umidade, pressão e direção e velocidade do vento, até uma altitude de 12 mil metros. As medições também utilizam outros equipamentos, como radares, radiômetros, pluviômetros e até um avião equipado com instrumentos de medidas de microfísica das nuvens.

E a Funceme vai aproveitar a ocasião para utilizar o novo Radar Banda S, instalado em Quixeramobim, em fase de testes.

Resultados
Os resultados das campanhas vão subsidiar o satélite brasileiro que fará parte do programa Medidas Globais de Precipitação (GPM), liderado pelas agências espaciais dos Estados Unidos (NASA) e do Japão (JAXA). Nosso satélite deve ser lançado em 2014.

As pesquisas também serão aplicadas ao estudo das mudanças climáticas, em análises dos efeitos dos aerossóis (partículas naturais ou associadas à poluição suspensas na atmosfera), na formação de nuvens de chuva e na modelagem de alta resolução espacial.

O experimento de Fortaleza será usado para a montagem de um projeto piloto de sistema de prevenção de desastres naturais ligados ao tempo. “A Defesa Civil do Município e a Funceme (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos) estão utilizando toda essa tecnologia instalada na Capital para passar o mês de abril em alerta, buscando prever chuvas fortes para articular ações antecipadas como remoção de populações em áreas de risco”, ressalta Eduardo Martins, Presidente da Funceme.

 

 

Fonte:
Jornal O estado-CE
Editoria: O estado verde
Data: 05/04/11