Alunos inventam protótipo para deficiente visual
7 de dezembro de 2010 - 12:15
Criatividade científica usa princípios da mecatrônica para facilitar acessibilidade social no mundo urbano
Ronaldo Pereira Silva foi o primeiro portador de necessidade visual a utilizar o Roboticeyes. A experiência foi feita no Centro de Referência e Inclusão Social da Criança e do Adolescente (Crisca), em Quixadá. Ele ficou impressionado com a praticidade do invento. “É muito bom, porque auxilia a gente a andar no local certo e avisa quando sai fora do percurso. Mesmo sendo a minha primeira vez usando, achei muito melhor do que a bengala. Eu gostei muito. Eles têm minha aprovação”, completou, empolgado.
Na opinião da coordenadora pedagógica do Crisca, Madalena de Sousa, os estudantes são pesquisadores que se preocupam com as questões sociais pertinentes à inclusão das pessoas cegas em ambientes públicos. “Um projeto desse porte faz crescer não só o nosso Município, mas torna-o pioneiro na criação de um equipamento tecnológico que auxilia na conquista, independência e autonomia das pessoas cegas”. Para ela, o Roboticeyes traduz a luz para os olhos daqueles que não podem enxergar.
Segundo o professor de Informática, graduado em Mecatrônica, Leonardo Rocha Moreira, havia necessidade de estimular os alunos a desenvolverem na prática os ensinamentos teóricos na disciplina. Também era preciso adquirir mais conhecimentos em áreas das Ciências, como Física, Química, Matemática, buscando aperfeiçoar o conteúdo do Curso Técnico de Informática. Foi criado então o grupo Stone Botz, formado pelos alunos Kayk Lemos, Emanuel Oliveira, Davi Sousa e Sebastião Oliveira.
Logo eles passaram a desenvolver projetos robóticos baseados, em prática, de acordo com as necessidades da comunidade em geral. No início do grupo, o professor orientador ministrou aulas de eletrônica. Os alunos tiveram um embasamento maior para desenvolver os projetos. No princípio, criaram alguns projetos simples a fim de adquirir conhecimentos. Após alguns meses, o nível de “dificuldade” dos projetos foi aumentando, exigindo um maior aprofundamento nos estudos relacionados à área da robótica.
Os jovens cientistas utilizam ferramentas e componentes eletrônicos, que os auxiliam na construção de seus protótipos. O desenvolvimento dos projetos ocorre com reuniões do grupo, decidindo e estudando as melhores formas e meios para criação dos inventos. O desenvolvimento prático, com utilização das ferramentas e componentes, ocorre nos laboratórios da escola profissional, no qual o grupo faz pesquisas sobre outros projetos e sobre descrições dos componentes eletrônicos, a fim de ter uma base no desenvolvimento do próprio invento.
Robô rastreador
O professor explica ainda que o grupo teve a oportunidade de mostrar seus trabalhos na feira de ciências da Escola Profissional. Na ocasião, eles apresentaram os dois principais projetos: em princípio um robô rastreador que tem como principal objetivo participar de competições a níveis regionais e nacionais, nas categorias relacionadas ao projeto e logo após veio o novo projeto, o “Roboticeyes” cuja tradução é “olhos robóticos”. Este projeto se dá em uma aplicação prática do robô anterior a este. O Roboticeyes se resume em um dispositivo eletrônico que servirá como apoio ao deficiente visual em sua locomoção diária. Foi de Sebastião Oliveira a ideia de criar o sensor robotizado. Dividindo com os amigos os elogios ao invento, ele explicou que o desafio surgiu com uma proposta da esposa de um irmão. Ela trabalha com portadores de necessidades especiais no Crisca. Desafiou o estudante a criar algum mecanismo de auxílio a quem não vê. Apropriando-se dos conhecimentos em mecatrônica, juntamente com os colegas de equipe, ele criou a primeira peça, bem maior do que a atual. Com algumas adaptações e uma fita de velcro usaram os próprios tornozelos para testar o invento.
Sebastião e os colegas reconhecem o invento como futurista. Haverá necessidade de demarcar os quarteirões com as faixas pretas para que o aparelho tenha funcionalidade. Todavia, dependendo do interesse dos governantes pela ampliação das políticas de inclusão e acessibilidade, em breve o Roboticeyes estará sendo utilizado nas ruas. Por esse motivo, já estão patenteando a invenção. Eles e o professor garantem que o preço será acessível a todos. Os governos Estaduais e Federal poderão subsidiar os custos.
Quem quiser experimentar o Roboticeyes, o aparelho estará em exposição na IV Feira Estadual de Ciências e Cultura até amanhã, no Hotel Praia Centro, em Fortaleza.
Vantagens
“Além da informática, a robótica e a mecatrônica são cada vez mais usadas”
Leonardo Rocha Moreira
Técnico em Informática
“É gratificante saber que contribuimos para a qualidade de vida das pessoas”
Sebastião Carlos de Sousa
Estudante
“Para boas ideias, precisamos de conhecimento e observação do mundo em volta”
Davi de Oliveira Sousa
Estudante
MAIS INFORMAÇÕES
Escola Profissional de Quixadá
Região do Sertão Central
Telefone: (88) 3412.3118
eliceuqx@eliceuqx.seduc.ce.gov.br
Fonte:
Diário do Nordeste
Editoria: Regional
Data: 07/12/10