Petrobras pode usar tecnologia cearense

22 de setembro de 2010 - 12:00

Empresa visa recuperar ambientes impactados com derramamento de petróleo

O diretor presidente do Parque de Desenvolvimento Tecnológico do Ceará (Padetec), Afrânio Craveiro, está no Rio de Janeiro para discutir na Petrobras a aplicação de uma nova tecnologia desenvolvida na empresa cearense para recuperar ambientes que estão impactados com o derramamento de petróleo.

De forma simples, a nova tecnologia consiste em encapsular bactérias que degradam o petróleo. As baterias encapsuladas vão fazer o reparo de áreas ambientalmente agredidas pelo derramamento de petróleo. Conforme Craveiro, a tecnologia já foi testada no Ceará, em Pernambuco e na Bahia. Agora, a tecnologia pode ser utilizada pela Petrobras a fim de purificar algumas áreas contaminadas com petróleo durante a atuação da empresa, sobretudo no Sul do País. “Nós já selecionamos cepas de bactérias que convivem com áreas impactadas pelo petróleo e que têm a capacidade de recuperar as áreas afetadas”, destaca.

De acordo com o presidente do Padetec, a utilização das bactérias encapsuladas é indicada para ambientes ainda pouco impactados com o vazamento de petróleo, com 200 ou 300 PPM (partes de petróleo por milhão). “Essa tecnologia funciona muito bem em casos onde o vazamento é de 300 a 400 miligramas de petróleo por litro de água”, explica. Já para casos onde o ambiente está muito impactado pelo petróleo, como no caso do vazamento ocorrido no Golfo do México, essa tecnologia ainda não funciona. Segundo Craveiro, o Padetec já está pesquisando tecnologias para reparar grandes impactos de petróleo.

TECNOLOGIA PREMIADA
Para realizar a pesquisa sobre essas bactérias, o Padetec contou com o apoio da própria Petrobras e também da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), por meio de convênios. O projeto contou ainda com o apoio das Universidades Federais da Bahia e de Pernambuco. A nova tecnologia das bactérias que degradam o petróleo foi motivo de uma patente Padetec-Petrobras e, no ano passado, ganhou o maior prêmio ofertado pela Petrobras: o Prêmio Inventor 2009.

TÉCNICAS ATUAIS
As atividades relacionadas com a exploração, desenvolvimento, produção, refino, processamento, transporte, importação e exportação de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos e seus derivados envolvem grandes riscos ambientais, pois podem contaminar o ar, os solos e as águas. Atualmente, as soluções mais frequentemente utilizadas para resolver esse tipo de problema compreendem a utilização de substâncias químicas, bem como a remoção mecânica. Essas práticas, contudo, são caras e, às vezes, não são totalmente satisfatórias. Além disso, os processos que utilizam produtos químicos podem ainda introduzir mais poluentes na natureza.
 

Fonte:
Jornal O estado-CE
Editoria: Economia
Data: 22/09/10