15 Países unidos pela ciência

1 de setembro de 2010 - 08:49

Cooperação científica une Brasil, Europa e África para tentar superar desafios climáticos. Pela ciência e tecnologia, 15 nações buscam uma visão holística para lidar com o problema.

O que Brasil, França e o continente africano têm em comum? Bem, as raízes históricas apontam para um entrelaçamento agressivo das culturas, séculos atrás. Na época das grandes colonizações, franceses subjugaram africanos que, por sua vez, foram espalhados pelo mundo na condição de escravos. O Brasil, à época, rica colônia portuguesa, foi um de seus destinos.

No entanto, foi para o desenvolvimento que as três partes se reuniram em Fortaleza, na terça-feira, 17, segundo dia da ICID 18. Mais de 50 representantes de 14 países da África e da Europa, além do Brasil, estiveram reunidos para deliberar sobre a continuidade da “cooperação técnico-científica tripartite” para o desenvolvimento sustentável das regiões áridas e semi-áridas, prioritariamente nos países francófonos da África.

O encontro delimitou local para próxima reunião: África, 2011. De acordo com o representante do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD) no Brasil, Jean-Loup Guyot, a reunião do ano que vem servirá para definir os mecanismos de cooperação entre os países, mas o trabalho em conjunto já existe. “Já temos em andamento acordo entre Brasil, França e Gabão que permite, através de uso de satélite, o monitoramento da floresta da bacia do Congo, a segunda maior floresta tropical do mundo, atrás apenas da Amazônia”, disse.

A mesa de diálogo contou com a presença dos ministros Amadou Tidiane Bâ (Ensino Superior e Pesquisa do Senegal) e Abdou Kaza (Água, Meio Ambiente e combate a desertificação do Níger), do diretor geral do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara, do presidente do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), Michel Laurent, além de representantes de instituições de pesquisa do Brasil e da França.

PLANOS PARA O FUTURO
Cinco foram os encaminhamentos propostos na mesa de diálogo. Os representantes de Brasil, França, Bélgica, Argélia, Burkina Faso, Camarões, Costa de Marfim, Líbano, Mali, Marrocos, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal e Tunísia concordaram em:

Governança Internacional
A urgente necessidade de fortalecer a governança internacional, utilizando a cooperação multilateral como instrumento.

Cooperação Transcontinental
A estruturação da cooperação tripartite através de programas de pesquisa “Sul-Norte-Sul” em rede, multidisciplinares com longo prazo, para ajudar a formular políticas publicas, assegurando melhores condições de vida às populações das regiões secas, preservando os recursos naturais para as gerações futuras.

Pesquisas Tranversais sobre Mudanças Climáticas
A criação de programas de pesquisa multidisciplinares e inovadores sobre questões globais como a atenuação e a adaptação aos efeitos das mudanças climáticas, integrando uma forte dimensão de capacitação, de intercâmbio e valorização mútua dos saberes, e a consolidação no Sul de bases de dados, de observatórios, de laboratórios e plataformas tecnológicas conjuntas.

Grupo de Trabalho e Metas Definidas
Criação de um grupo de trabalho (GT) permanente para analisar experiências e definir estratégias, instrumentos e metodologias inovadoras para ações estruturantes conjuntas, no serviço do desenvolvimento sustentável das regiões secas, na base de uma agenda precisa.

Água e a Rio 20
Organização de uma primeira reunião do GT na África, em 2011, para elaborar proposições concretas para esta agenda. No campo dos recursos hídricos, o GT organizará uma sessão dedicada à cooperação tripartite durante o Fórum Mundial da Água, em março de 2012 em Marselha. O conjunto das proposições poderá ser integrado na conferência Rio 20.

 

Fonte:
Jornal  O estado-CE
Editoria:  O estado  verde
Data: 31/08/10