Cuidar do verde é um bom negócio

25 de agosto de 2010 - 09:17

Mais que um festival de inventos curiosos e inventores inspirados, a 1a Econegócios – Nordeste 2010 foi um palco de soluções sustentáveis para o semiárido.

Entre garrafas pet que viram cordas e resíduos transformados em casas de plástico ou convertidos em descontos na conta de luz, foi possível comprovar que existe um vasto negócio verde a ser cultivado.“A Econegócios mostrou que há empresários preocupados. Unindo o setor acadêmico ao industrial, veremos que é um grande negócio cuidar do meio ambiente. Tanto para a sociedade quanto para as indústrias”, analisou Ricardo Correia, diretor do Instituto de Desenvolvimento Corporativo (ID Corp) e um dos organizadores do evento.

A feira foi idealizada por Luiz Marvão, diretor da MAP Ambiente; e Horácio Melo, diretor da MM Consultoria; ao perceberem a demanda corporativa por consultoria ambiental. Em parceria com Ricardo, o projeto foi integrado à ICID 18. “A ideia era que a Conferência não fosse apenas debate. E mostrar que, no âmbito empresarial, existem soluções sustentáveis para o semiárido”, conta Correia.

O projeto resultou em cinco dias de eventos com cerca de cinco mil pessoas. Contou com 82 expositores, promoveu dois dias de seminários sobre meio ambiente e corporativismo, e a mostra fotográfica “Convivência com o Semiárido Nordestino”. “Cerca de 25 empresas não puderam expor seus trabalhos por falta de espaço, mas tivemos aqui um pouco de cada coisa, reciclados, orgânicos, energia limpa. Essa edição ecoou alguma coisa”.

Expor para expandir
A ideia da feira era apenas expor um mercado pouco desenvolvido e não promover os negócios. Mas eles aconteceram. Entre os expositores estava o mecânico Expedito Teixeira. Natural de Barbalha, já teve pequenas produções de redes, bolsas e vassouras que nunca deram certo. Na falta de matéria prima, passou a usar fibra de garrafa pet na produção. “No começo tirava a fibra à faca, sentado no chão. Vi que poderia usar descascador de laranjas para ajudar, depois percebi que provocando choque térmico, a fibra enrijece e pode produzir vassoura”, conta. Foi descoberto há seis meses pela Universidade Patativa do Assaré (UPA) e hoje integra o projeto Eco-Cidadania, de capacitação e geração de renda. Com a feira, fecharam cerca de 30 projetos.

Desses, dois com o Governo de Mendoza, na Argentina. “A feira foi a melhor oportunidade que houve, estávamos muito escondidos. O projeto não iria muito longe”, avalia Teixeira. “Agora, espero que essa rede ecologicamente correta seja implantada na copa de 2014. O material transformado resiste cerca de 10 anos ou mais. A rede comum de campo de futebol dura uns dois anos por causa da chuva e do sol”, conclui.

Mas, o que é Econegócios?
A Indústria compõe um dos setores de maior impacto ambiental. Durante muito tempo desenvolvimento econômico parecia impossível sem a degradação do meio ambiente. Hoje, o termo sustentabilidade até já virou moda. É nesse contexto que surge o conceito “econegócio”. “É uma transformação da mentalidade, onde o meio ambiente passa a ser parceiro. É preciso respeitar, estudar, pesquisar o que está ao nosso redor para que, aí sim, sejam gerados negócios. Nesse sentido o resultado da feira não poderia ser melhor. A intenção não era fazer comércio, mas mostrar a oportunidade ambiental“, explica Ricardo Correia. A meta agora é organizar duas feiras por ano. Uma, no Ceará, e outra itinerante, que em 2011 acontecerá na África do Sul.

 

 

Fonte:
Jornal O estado-CE
Editoria: O estado verde
Data: 24/08/10