Brasil sedia conferência sobre clima e desenvolvimento em regiões semiáriadas

2 de agosto de 2010 - 10:33

A ICID 2010 será em Fortaleza, de 16 a 20 de agosto

Fortaleza, no Ceará, receberá em agosto a Segunda ConferênciaInternacional: Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em RegiõesSemiáridas – ICID 2010. O encontro, que envolve mais de 90 países daÁfrica, Ásia e América Latina, e cerca de dois mil participantes, temcomo meta incluir de forma efetiva as questões relacionadas aos efeitosdo aquecimento global em regiões áridas e semiáridas nas agendas dedebates nacionais e internacionais.

Organizada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) – emparceria com os ministérios do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia,o Governo do Ceará e outras entidades governamentais e de pesquisanacionais e internacionais -, a ICID 2010 vai gerar, consolidar esintetizar dados e estudos sobre mudanças climáticas e identificarações para promoção do desenvolvimento seguro e sustentável nas regiõessemiáridas.

A expectativa é de que os atores envolvidos nessa agenda, incluindoformuladores de políticas públicas, cientistas, representantes deorganismos internacionais, sociedade civil e iniciativa privada tenhama oportunidade de compartilhar experiências e o conhecimento adquiridoem questões ligadas às regiões semiáridas nos últimos 20 anos, comovariabilidade, vulnerabilidades, impactos socioeconômicos e ambientais,ações de adaptação e desenvolvimento sustentável. Eles deverão elaborarrecomendações que auxiliem na criação e implantação de políticaspúblicas voltadas para o desenvolvimento sustentável dessas áreas.

Estimativas mostram que cerca de 35% da população mundial vivem emterras áridas e semiáridas, que correspondem a 41% da superfície doplaneta. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas(IPCC), essas terras serão afetadas pelas alterações no clima mundial.Apesar desse cenário, os habitantes dessas áreas ainda sãosub-representados em discussões como a COP-15.

No Brasil, 1.482 municípios do semiárido, que concentram a maiorparte da pobreza do País, são afetados diretamente pelo problema,segundo dados do Programa Nacional de Combate à Desertificação eMitigação dos Efeitos da Seca. Estudos indicam ainda que quase 20% dosemiárido brasileiro será atingido de forma grave, tendo reflexosambientais e socioeconômicos, como a deterioração do solo ecomprometimento da produção de alimentos, extinção de espécies nativase degradação dos recursos hídricos.

Organizada em quatro temáticas principais – Clima e Meio Ambiente;Clima e Desenvolvimento Sustentável; Governança e DesenvolvimentoSustentável e Processos Políticos e Instituições, a ICID pretendetransformar intenções em resultados práticos de desenvolvimento, eacelerar, assim, o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio(ODMs), de redução da vulnerabilidade, da pobreza e da desigualdade.

A Conferência, que ocorrerá 18 anos após a realização da primeiraICID, realizada no início de 1992 como preparatória para a Conferênciadas Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED) – aRio 92, também vai explorar sinergias entre as Convenções das NaçõesUnidas relativas ao desenvolvimento de regiões semiáridas. O encontrofuncionará, portanto, como um agente integrador de teorias, modelos eações que possam atualizar o conhecimento sobre o tema e subsidiar arealização da Conferência das Nações Unidas vinte anos mais tarde, aRio+20.

A primeira Conferência Internacional: Clima, Sustentabilidade eDesenvolvimento em Regiões Áridas e Semiáridas ocorreu em 1992, tambémem Fortaleza. Em sua primeira edição, o encontro contou com cerca de1,2 mil participantes de 45 países. Criada como um evento preparatóriopara a Rio 92, a ICID forneceu dados e informações científicas sobre asregiões semiáridas no mundo e conseguiu abrir os olhos da inteligêncianordestina para os problemas dessas áreas no Brasil.

A primeira ICID teve um enorme impacto, tanto no âmbito nacionalquanto no internacional. “Os trabalhos exibidos durante a primeira ICIDforam levados para a Rio 92, assim como a declaração de Fortaleza, comrecomendações de políticas públicas para as regiões áridas esemiáridas. Muitos participantes do evento, oriundos da África e daÁsia, também chegaram à Rio 92 como negociadores”, destaca AntônioRocha Magalhães, coordenador executivo da Conferência. A primeiraedição da ICID também serviu como fator decisivo para a criação daConvenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD).

Vários estudos e publicações que servirão como subsídios para oencontro de 2010 foram derivados dos debates que entraram em pauta naprimeira ICID. Entre a primeira e a segunda edição da Conferência, trêsconvenções foram aprovadas e entraram em operação: a Convenção dasNações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD); a Convenção dasNações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) e o Protocolo deKyoto; e a Convenção das Nações Unidas sobre Biodiversidade (UNCBD).Todas elas contribuem, em sinergia, para fortalecer o combate àdesertificação e preservar a biodiversidade presente nas regiões áridase semiáridas em todo o planeta. A expectativa é de que a ICID 2010tenha o mesmo impacto como conferência preparatória em eventos dessanatureza, como a Rio+20.

Site da ICID 2010: www.icid18.org

Fonte: Assessoria de Comunicação da ICID