Uece celebra 35 anos de fundação

Atrás do bolo azul em cuja superfície lia-se“Parabéns, Uece: 1975-2010“, o reitor da Universidade Estadual doCeará (Uece), Francisco de Assis Moura Araripe, ficou esperando que asvelas fossem acesas. Aguardou mais um pouco, mas foi vencido por elas.Ou estavam danificadas ou empenhadas em não ceder, de tão resistentesque eram às chamas do fósforo. Convidados dispostos em semicírculo numafesta descontraída que comemora os 35 anos da Uece, Araripe aproveitoua deixa: “Por mais que tentem, por mais que se esforcem para tocarfogo na Uece, não vão conseguir“. Todos riram.

Como ninguém quisesse saber de quem o reitor estava falando,seguiram-se as palmas e, depois, a divisão do bolo. A festa tambémserviu como abertura da exposição do professor do curso de CiênciasBiológicas, o húngaro naturalizado brasileiro Istvan Major, 68 anos.Ali, num hall dominado principalmente por professores, o bonachãoMajor, grande conversador, fã de panelada e cachaça, dispensou aformalidade e convidou os presentes a curtirem a exposição Aves doCeará.

A exposição, que apresenta desenhos e esculturas de pássaros efelinos da fauna brasileira e estrangeira, integra o conjunto deatividades comemorativas aos 35 anos da instituição. Além da mostra,palestra sobre o papel das universidades no desenvolvimento foirealizada durante a manhã. Hoje, das 10 às 12 horas, haverá debatesobre a formação dos pesquisadores da Uece, e amanhã, a partir das 9horas, o grupo Tambores de Guaramiranga abre o dia de prestação deserviços à comunidade, no campus do Itaperi. A semana de abertura defestividades será encerrada na sexta-feira, 28, às 11 horas, com umamissa ecumênica.

Segundo Francisco de Assis Moura Araripe, reitor da instituição, omomento é de apontar perspectivas, mas também de enxergar a trajetóriaintelectual da universidade. Para tanto, ele relembra que a Uece “foipioneira no processo de interiorização do ensino superior no Ceará e,recentemente, tem procurado resguardar as patentes de inovaçõestecnológicas de pesquisadores da universidade“.

Abrangência
A Uece possui, hoje, 16 mestrados, dos quais 13 são acadêmicos etrês profissionalizantes; 54 cursos de especialização e 71 degraduação. Destes, 62 são presenciais. A universidade atende cerca de20 mil alunos em oito campi, dois dos quais em Fortaleza. Os demaislocalizam-se em Tauá, Quixadá, Itapipoca, Limoeiro do Norte, Iguatu eCrateús. Para o bibliotecário Leandro Castro, 26, embora a universidadevenha conseguindo resolver problemas de estrutura, ainda esbarra emquestões que se arrastam há tempos. Como a carência de livros, porexemplo. “O ideal seria comprar mais livros para atender maisalunos“, recomenda.

E-MAIS

>A exposição Aves do Ceará, do professor e pesquisador IstvanMajor, 68 anos, está organizada em 10 temas, abrangendo aves e felinosda fauna brasileira e estrangeira.

> Istvan, que mora há 23 anos no Brasil e já visitou mais de 50países, reúne ali, no hall de entrada da reitoria da UniversidadeEstadual do Ceará, algumas dezenas de pinturas e esculturas produzidasnos últimos cinco anos de trabalho.

> Major, ligado ao Departamento de Ciências Biológicas, catalogae estuda principalmente a fauna cearense. Na exposição, ele destacaespécies que só podem ser encontradas no Ceará, como as aves Soldadinhode Araripe e Tucano da Serra.

> Além das pinturas, Major também molda, em biscuit, pequenospássaros, preás, sapos e lagartos. Para as aves, ele usa, nacomposição, rolhas de madeira e palitos de picolé. Para dar sustentaçãoaos pés das aves, introduz clipes de metal.

> O trabalho de Istvan Major também pode ser conferido no livroAves do Sertão, lançado pela Fundação Demócrito Rocha. A obra foiadotada pelo Ministério da Educação e será distribuída em escolas doEnsino Fundamental.