Conferência mostra ações do Ceará no desenvolvimento das regiões semiáridas

25 de maio de 2010 - 15:31

Evento estabeleceu panorama no Estado nas temáticas que serão abordadas na ICID+18

A Conferência Estadual sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento no Semiárido do Ceará (ICID Ceará), realizada nos dias 20 e 21 de maio, no BNB do Passaré, definiu a real situação do Estado em relação ao desenvolvimento nas regiões semiáridas. Órgãos governamentais e da sociedade civil organizada estiveram reunidos para estabelecer o panorama cearense nas áreas temáticas Clima e Meio Ambiente; Clima e Desenvolvimento Sustentável; Governança e Desenvolvimento Sustentável; e Processos Políticos Públicas e Instituições, que serão trabalhadas durante a Conferência Internacional (ICID+18), que acontecerá de 16 a 20 de agosto de 2010, no Centro de Convenções, em Fortaleza.

Segundo Eudoro Santana, coordenador do Pacto das Águas e secretário do Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos da Assembléia Legislativa, a Conferência Estadual mostrou a liderança do Ceará na criação de políticas de governança das águas, mas reafirmou a necessidade de ainda mais investimentos na gestão de recursos hídricos. “O País, até hoje, não estabeleceu uma política de convivência com o semiárido nordestino. O Ceará, com todo o interesse mostrado nesse encontro, tem oportunidade de dar um exemplo ao Brasil, estabelecendo instrumentos jurídicos para garantir políticas específicas para o semiárido cearense”.

Os resultados obtidos no evento estadual devem nortear as potenciais políticas públicas de desenvolvimento para o semiárido do Ceará e alicerçarão as bases para as discussões na ICID + 18. A segunda Conferência Internacional vai fazer um resgate do que foi recomendado na primeira edição, realizada em 1992, na Capital cearense, considerando os avanços dos 18 anos passados e definindo uma visão de futuro para as próximas décadas. “De 1992 até hoje, em termos de clima, houve um grande avanço no conhecimento das características da região.

Na área de recursos hídricos, o Ceará se mostrou como um exemplo para o País e para o mundo em termo de gestão das águas. Na questão agrícola, foram desenvolvidas uma série de experiências inovadoras e tradicionais de manejo de água e solo. Por último, na temática do meio ambiente, percebemos uma preocupação crescente de recuperação de regiões degradadas e áreas em processo de desertificação”, enumerou Eduardo Sávio Martins, presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

Projetos

Bartolomeu Cavalcante, coordenador da área de Desenvolvimento Territorial e Combate à Pobreza Rural da Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará (SDA), destacou a criação de vários projetos para que o homem do campo permaneça na sua terra de origem. “No Ceará todo, o povo procura bastante as cisternas de placa. A barragem subterrânea é outra intervenção que tem bastante demanda. Temos resultados muito bons também com os cordões de pedra, que recuperam os olhos d”água, ou seja, a nascente dos rios”, afirma.

Ele lembra, entretanto, que para o sucesso destes projetos, é necessária, além de uma reeducação, a criação de estímulos para financiar as ações nas propriedades dos agricultores que ainda queimam as matas. “Eles precisam ser incentivados a entender este processo de transição de forma sustentável, assegurando a alimentação, a construção do saber, a saúde, a cultura e o lazer para suas famílias”.

A Conferência Estadual teve a participação da Secitece (Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior), Funceme (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos), Conpam (Conselho de Politicas e Gestão do Meio Ambiente), Banco do Nordeste (BNB), SRH (Secretaria dos Recursos Hídricos), SDA (Secretaria do Desenvolvimento Agrário), Uece (Universidade Estadual do Ceará), UVA (Universidade Estadual Vale do Acaraú), UFC (Universidade Federal do Ceará), USP (Universidade de São Paulo), IFCE (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará), IPECE (Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará), MPE (Ministério Público Estadual), AL-CE (Assembléia Legislativa do Ceará), Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Asa Brasil (Articulação no Semi-Árido Brasileiro), Instituto Sesemar (Assessoria e Apoio as Povos das Serras, Sertão e Mar) e MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra).

Os trabalhos desenvolvidos em âmbito estadual serão apresentados ainda na Conferência Regional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento no Semiárido, que acontece entre os dias 13 e 16 de junho, em Recife.

18 anos depois

A Segunda Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável em Regiões Semiáridas – ICID+18 é uma contribuição governamental para que cientistas de todo mundo e a sociedade em geral possam conhecer os fatores que geram as especificidades do clima semiárido e as influências das mudanças climáticas nessas regiões. “O governo cearense se mostrou sensível à questão dos  impactos do cima sobre os setores da economia no Estado e resolveu organizar, 18 anos depois, uma segunda edição da ICID, reunindo especialistas para discutir alternativas de adaptação e mitigação às mudanças climáticas”, explicou o presidente da Funceme.

Eduardo Sávio Martins também informou que já há mais de 80 países inscritos na ICID+18 e que o endereço eletrônico da Conferência (www.icid18.org) já recebeu mais de 19 mil visitas de 194 países. “Esta participação cria uma ambiência de cooperação internacional. Apesar de estarmos focados no semiárido brasileiro, não podemos tratar dele isoladamente e nem trabalhar sozinhos. É necessária, em todas as áreas temáticas propostas na ICID, a parceria com vários institutos do planeta”, concluiu Martins.

Fonte: Assessoria de Comunicação da Funceme