Conferência discute avanços e desafios no semiárido

24 de maio de 2010 - 08:46

Conferência Estadual discute clima, sustentabilidade e desenvolvimento no Semiárido do Ceará. Após 18 anos da criação da Declaração de Fortaleza, elaborada no Icid-1992, a pressão é para colocar em prática o conhecimento adquirido. O encontro é uma preparação para o Icid+18, em agosto

Conhecimento sobre o clima, criação de novas estratégias de sustentabilidade e valorização do desenvolvimento no semiárido cearense. A temática volta a ganhar destaque após 18 anos da Declaração de Fortaleza, criada na última edição da Conferência Estadual sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento no Semiárido do Ceará (Icid-92). Desde ontem, representantes de órgãos governamentais e sociedade civil estão reunidos, no Banco do Nordeste, para discutir avanços e novos desafios na luta pelo desenvolvimento sustentável. O evento é uma preparação para a conferencia Icid+18, que vai reunir mais de 50 países na Capital para discutir sobre o assunto.

Até 2050 a desertificação e a salinização afetarão 50% das terras agrícolas da América Latina e Caribe. A temperatura média deve dar um salto de dois a cinco graus. No Brasil, 15,7% do território é seco & abrangendo 1.482 municípios. O professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Alexandre Costa, afirma que há um consenso sobre o aquecimento nas áreas tropicais, sendo o semiárido mais atingido. “Se as condições persistirem, há chances das regiões semi-áridas passarem a ser áridas“. Com as mudanças climáticas, ele lança um questionamento sobre a possibilidade de já estar vivenciando o aquecimento global. “Por isso, é fundamental agirmos já“, alerta.

A crítica é sobre a falta de prioridade nos âmbitos nacionais e internacionais, além do pouco investimento e planejamento. Segundo o coordenador do Conselho de Altos Estudos da Assembleia Legislativa, Eudoro Santana, é preciso sair das avaliações e estabelecer uma proposta concreta. “É preciso objetividade, sair do plano das ideias. O plano Estadual de Desertificação, por exemplo, já deveria estar em processo de implantação“.

Para o presidente da Funceme, Eduardo Martins, o congresso tem a importante missão de avaliar os avanços nessas últimas duas décadas, apontar novas mudanças e consolidar as redes de informações. “Fazendo uma avaliação, podemos afirmar que o balanço tem sido positivo, mas não vamos ficar satisfeitos e, por isso, precisamos buscar melhorias no que já está sendo executado“.

Contribuição
O coordenador de desenvolvimento territorial e combate à pobreza rural da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (DAS), Bartolomeu Cavalcante, destaca o patrimônio de conhecimento de domínio publico sobre a temática. Atualmente, técnicas como a cisterna de placas, barragens subterrâneas, cordões de pedra e captação de incito tem ajudado a transformar a realidade de famílias que vivem no semiárido cearense. “Precisamos dar nossa contribuição para garantir que esse patrimônio permaneça pelas próximas gerações“, diz. O desafio tem sido grande, já que o nível de desmatamento e utilização de agrotóxicos continua alto.

E-MAIS

Impactos esperados pela Icid
> Fomentar a cooperação entre países e instituições participantes da Icid por meio da formalização de uma rede de atores.

>Formalizar as principais conclusões da Conferência junto aos países participantes e das agências internacionais que trabalham com o tema.

> Disseminar o conjunto de documentos, oriundos dos eventos preparatórios e da Conferencia, como guia-chave de ação das regiões áridas e semiáridas do planeta

Principais temas abordados
> Clima e meio ambiente: informações sobre a variabilidade e mudanças climáticas e as questões ambientais no âmbito regional e local.

> Clima e Desenvolvimento Sustentável: segurança humana, redução da vulnerabilidade, bem-estar e desenvolvimento.

> Governança e Desenvolvimento Sustentável: representação, direitos, equidade e justiça no contexto de variabilidade e mudança climática.& monitoramento e fortalecimento da governança em regiões áridas e semiáridas

> Processos políticos e Instituições: formulação, implementação, monitoramento e execução de políticas públicas para a adaptação e o desenvolvimento sustentável; lições de experiências aplicadas.

Fonte: O Povo
Editoria: Fortaleza
Data: 21/05/2010