Projeto vai combater desertificação

4 de fevereiro de 2010 - 11:35

Estudo capitaneado por Funceme e Dnocs prevê o Zoneamento Ecológico-Econômico em nove cidades cearenses

O Ministério do Meio Ambiente apenas informa, mas o tom é de advertência: 62% das áreas suscetíveis à desertificação estão na caatinga, predominante no Nordeste. Nela, vivem aproximadamente 28 milhões de pessoas. O Ceará tem 92% de seu território assentado no semiárido, região que se caracteriza por baixas precipitações e alto índice de evapotranspiração. A singularidade do semiárido não pode ser alterada; a desertificação que o afeta, sim.

Esse é o escopo do projeto de Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), que deve ser aplicado a partir de fevereiro. Mantido por um consórcio de 13 órgãos, o ZEE é um instrumento para auxiliar na gestão ambiental. No Ceará, um convênio, firmado entre a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), cria o Zoneamento Ecológico-Econômico das Áreas Suscetíveis à Desertificação.

De acordo com Margareth Carvalho, gerente do departamento de recursos hídricos e meio ambiente da Funceme, o acordo, que contempla os municípios de Irauçuba, Itapajé, Sobral, Canindé, Santa Quitéria, Miraíma, Tauá, Independência e Arneiroz, constitui um instrumento que leva em consideração as vulnerabilidades desses territórios.

Para a pesquisadora, “a desertificação nessas áreas é um processo que preocupa“. O estudo, que terá duração de um ano, “vai conhecer com mais detalhes as propriedades físicas dessas localidades“.

Segundo Cristina, Raquel Cristina, arquiteta especializada em gestão ambiental e técnica do Denocs, a transformação do quadro de desertificação depende da comunidade. Isso porque o modelo de aplicação do ZEE estipula metas e sugere modos de se relacionar com a caatinga. Capacitar, ela fala, é palavra de ordem.

Essa parte do trabalho ficará a cargo da Funceme. “O órgão é que irá lá para conversar com a população, saber se eles querem aquele cenário tendencial, demonstrado nos estudos, ou outro. Depois, aplicam o ordenamento na área“. (Henrique Araújo)

E-Mais

> Os estudos deverão consumir R$ 667 mil – sendo R$ 600 mil do Governo Federal e R$ 67 mil do Governo do Estado.

> Das nove cidades dos estudos, o caso de Irauçuba é o mais grave.

> O banco de dados do projeto servirá de base para ações e de parâmetro para o ordenamento das regiões castigadas pela desertificação.

 

Fonte: Jornal O Povo
Editoria: Ceará
Data: 29/01/2010