Mecânica para agricultores

28 de dezembro de 2009 - 09:04

CVT de Quixadá apoia a população com formação especializada em áreas carentes do mercado de trabalho

Solonópole. Com pouco mais de 18 mil habitantes, prestes a completar seu 66° aniversário de emancipação, Solonópole já possui uma significante frota de motocicletas. Segundo dados do Detran, são aproximadamente três mil. Quase um sexto da população possui esse veículo sobre duas rodas. Aos poucos, pangarés e carroças são deixados de lado. Motorizado é mais fácil de se locomover. Apesar da versatilidade, um problema: os “cavalos de aço” estavam sendo encostados por falta de manutenção. Faltavam mecânicos. O jeito foi recorrer à formação de profissionais.

A solução foi encontrada a 100km dali, no Centro Vocacional Tecnológico (CVT) de Quixadá. Preocupado com a carência, o presidente da Federação das Associações Comunitárias do Município de Solonópole, Valrinete Pinheiro, tomou a iniciativa. Procurou gente especializada em formação profissionalizante. De boca em boca soube do trabalho realizado pela equipe do CVT. Enviou a proposta e pouco tempo depois sua cidade recebia o primeiro curso técnico de mecânica para motocicletas.

O líder comunitário aproveitou a oportunidade para estender a formação à zona rural. As 40 associações filiadas à Federação de Solonópole foram convidadas. Vinte e dois moradores, na maioria agricultores, se interessaram pelo novo ofício.

O estudante Leonardo Pinheiro também. Dez deles já exercem a profissão. Estão satisfeitos. Tem renda mensal estimada em R$ 900. Serviço não falta. Até o mês passado havia apenas quatro mecânicos. As filas se estendiam nas portas das oficinas. Hoje a realidade é outra. Juntos conseguem descontos de até 40% nas peças. O abatimento é repassado para os fregueses. A manutenção pesa menos no bolso. Segundo Valrinete Pinheiro, em algumas localidades, existe considerável número de motos. Nova Olinda, a 30km da sede do município, é uma delas. Lá, moram 80 famílias. Todas tem pelo menos uma na porta de casa.

“Além do mais, nem todo mundo vai ser médico nem engenheiro. Quem vive na roça está acostumado a trabalhar por conta própria”, comenta satisfeito.

Suporte vocacional

De acordo com o coordenador do CVT de Quixadá, Ildebrando Ferreira Lima, tão logo a Federação das Associações de Solonópole expôs suas necessidades, uma equipe do seu núcleo de formação foi enviada para a cidade. O Centro Tecnológico, mantido pelo Governo do Estado, atua exatamente com esse objetivo, dar suporte vocacional para a formação profissional e inserção no mercado de trabalho. O curso foi o primeiro de mecânica para motos realizado pela unidade regional do Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec).

Ildebrando destaca o desafio como um anseio cada vez maior nos dias de hoje, principalmente para quem está à procura de emprego. A profissionalização em áreas onde a procura é maior que a oferta é uma saída. As mudanças acontecem. É preciso se adequar a elas. Ele cita a informática como exemplo.

Os cursos de iniciação são os mais procurados. A justificativa está no uso cada vez mais frequente nos setores do comércio e indústria. Em todo canto o microcomputador é usado. É preciso se familiarizar com suas funções. As filas de espera no CVT são enormes.

Fonte:Diário do Nordeste
Editoria:Regional
Data:28/12/09