A importância do ensino integrado

7 de dezembro de 2009 - 10:26

Ceará possui 51 unidades de educação profissional, onde o aluno faz o Ensino Médio e aprende uma profissão

A tarefa de unir o pensar e o fazer não é cumprida pelo Ensino Médio público regular. A situação é pior do que isso, afirmam educadores, entre eles, a professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Nora Krawczyk. A educação secundária regular não consegue nem mesmo formar o aluno para a universidade. E o País, defendem eles, não precisa somente de pesquisadores, cientistas, mestres e doutores. Necessita também de mão-de-obra técnica e muito qualificada. O que o Ensino Médio normal está longe de alcançar.

Na contramão dessa realidade, as escolas de Ensino Médio integrado surgem como alternativa para sanar a crise de identidade por que passa a educação secundária brasileira e cearense. Formar o cidadão capaz e crítico e o trabalhador técnico capacitado é o objetivo das unidades. No Ceará, já são 51 escolas, distribuídas em 39 municípios que atendem em tempo integral cerca de 12 mil jovens por meio da oferta de 13 cursos técnicos: Informática, Enfermagem, Turismo, Segurança do Trabalho, Comércio, Finanças, Edificações, Produção de Moda, Estética, Massoterapia, Agroindústria, Meio Ambiente e Aquicultura. Para 2010, a perspectiva é de aumentar para 101 escolas, beneficiando 48 mil alunos.

Nessas escolas, explica a orientadora da Coordenação da Educação Profissional da Secretaria da Educação do Estado (Seduc), Dária Belém Morais, são desenvolvidas propostas pedagógicas e estratégias metodológicas sustentadas por uma tecnologia de gestão que objetiva oferecer aos jovens as condições fundamentais para que se apropriem de conhecimentos técnicos e humanísticos a fim de uma adequada inserção no mundo do trabalho.

As diferenças entre os dois tipos de escolas – a regular e a profissional – são grandes: na regular, a repetência, em 2008, chegou a 7,75% dos 366,1 mil alunos matriculados e a taxa de evasão foi assustadora, com 15,75% do total. Na educação integral, a repetência e o abandono têm taxa zero. “Existe fila de espera para entrar nessas escolas”, informa Dária.

Na regular, a desmotivação e o “não tô nem aí” imperam. Na integral, os alunos desenvolvem atividades diversas e mantêm até Empresa Júnior. É o caso da Escola Paulo VI, uma das 20 profissionais implantadas em Fortaleza. Lá, 400 alunos cursam o Ensino Médio agregado ao Técnico. Os cursos oferecidos são: Segurança do Trabalho, Enfermagem, Guia de Turismo, Informática e Comércio. “Queremos que nosso aluno seja um cidadão empreendedor”, assevera a diretora da instituição, Corina Bastos.

Motivos não faltam. Que o digam os 30 alunos participantes do projeto Empresa Júnior. Eles já têm marca e tudo, a DNA, que atua no ramo da confecção com a produção de blusas com pinturas e bordados. “Nosso desafio é conciliar os estudos regulares com a empresa, pois temos as responsabilidades de administrá-la da melhor forma possível”, conta o seu presidente, Antônio Diego Rodrigues Mourão, de 16 anos de idade. O trabalho obtém bons resultados. Toda a produção, de 45 unidades, está comercializada. Os preços variam entre R$ 15 e R$ 20,00.

Os alunos contam com a orientação de voluntários da empresa Gerdau, com a coordenação da organização norte-americana Junior Achievement. “A gente só trabalha na empresa uma vez por semana e por duas horas. É excelente. Minha vida escolar mudou com a educação integral. Agora, sinto-me sendo preparado para a vida”, relata.

Além da empresa, a escola conta com laboratórios para os cursos de Informática e Enfermagem. Neles, as aulas da área de Ciências são mais interessantes. “Para a gente que ocupa uma das vagas, esse tipo de escola caiu do céu. Até então, não tinha perspectivas sobre meu futuro. Quero entrar no mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, cursar uma faculdade, seguir com meus estudos”, confidencia Liliane Sá, de 17 anos.

Fonte:Diário do Nordeste
Caderno:Cidade
Data:07/12/09