Plataforma Montenegro: uma homenagem ao cearense idealizador do ITA

8 de fevereiro de 2010 - 08:27

Da Agência Funcap, com informações do livro “Montenegro – as aventuras do marechal que fez uma revolução nos céus do Brasil”, de Fernando Morais.

Em dezembro de 2009, a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap)  passou a utilizar um novo sistema de atendimento aos usuários: a Plataforma Montenegro, substituta do Agilfap, programa que estava em operação desde 2006.

Com a Plataforma Montenegro, os usuários podem acompanhar todo o processo de solicitações, além dos controles de fluxos e das estatísticas sobre pagamentos das bolsas. O serviço também contempla o atendimento a outras demandas, como apoio a eventos e pequenos auxílios para os quais a Funcap é procurada. Outra facilidade do novo sistema é que, agora, todas as requisições têm um formulário padronizado.

O nome é uma homenagem ao marechal Casimiro Montenegro Filho, figura de grande importância para a fundação do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Montenegro nasceu em Fortaleza em 1904 e, em 1938, decidiu tornar-se engenheiro, matriculando-se no curso de engenharia da Aeronáutica, que funcionava na antiga escola técnica do exército, atual Instituto Militar de Engenharia – IME). 

Recém-graduado, vislumbrava a criação de uma escola de engenharia aeronáutica vinculada ao Ministério da Aeronáutica. Com esse intuito, em tempos de guerra, visitou o MIT para conversar com o professor Richard Hebert Smith, chefe do Departamento de Engenharia Aeronáutica do instituto. O assentimento do professor Smith seria, para Montenegro, fundamental à causa. 

Ao ler o plano  de criação de um centro de pesquisa aeronáutica no Brasil, o professor Smith  deu total apoio à iniciativa e prontificou-se a viajar para o Rio de Janeiro e ajudar a montar o “MIT brasileiro”.

De volta ao Brasil, Montenegro solicitou uma audiência com o ministro da Aeronáutica, Salgado Filho, e sugeriu que o professor Smith fosse contratado em regime temporário durante seis meses, para ajudar a aprofundar o plano de criação da escola.  O ministro autorizou o início das negociações para trazer o especialista americano.  

Chegando ao Brasil, Smith fez uma série de viagens para conhecer diversas instituições de ensino no Rio e em São Paulo,  inclusive universidades civis e cursos militares. Após as visitas, apresentou sua ideia de criação de uma escola denominada Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), destinada a formar engenheiros capazes de atuar na aviação de modo geral. O instituto seria parte de uma estrutura maior, o Centro Técnico da Aeronáutica (CTA), inspirado nos moldes do MIT e equipado com laboratórios de pesquisa para o desenvolvimento da tecnologia aérea no país.

No dia 26 de setembro de 1945, o professor Smith fez uma conferência intitulada “Brasil, futura potência aérea”, durante a qual conclamou os brasileiros a deixarem de ser meros consumidores de material militar produzido por outros países.  Segundo Smith, apesar dos baixos custos de aquisição dos produtos, vendidos pelos Estados Unidos para que os equipamentos de sua força aérea fossem substituídos por outros mais modernos, o material logo se tornava obsoleto. Além disso, o custo de manutenção era alto, já que as peças eram raras por estarem fora de fabricação. Mas o maior problema era o retardamento da indústria aeronáutica brasileira.

“O Brasil só poderá tornar-se independente das outras nações pela criação de escolas superiores nos campos da engenharia aeronáutica e pela instalação de laboratórios de alto padrão científico”, afirmava Smith diante da incrédula plateia.

Dessa forma, pela iniciativa de um cearense visionário, em 1950, em São José dos Campos, nasceu o ITA, que, em 1954, formou sua primeira turma de engenheiros.

O marechal Montenegro faleceu aos 95 anos em Petrópolis (RJ).