Secretário Carlos Décimo ministra palestra no encerramento da Semana Universitária da Uece

14 de novembro de 2022 - 10:57


“Não podemos glamourizar as histórias de superação. A realidade é muito pior”, disse o secretário durante palestra sobre desigualdade social

O secretário da Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Carlos Décimo, encerrou, como palestrante, a XXVII Semana Universitária da Uece, durante solenidade realizada na manhã da última sexta-feira (11/11), no auditório Paulo Petrola. A semana Universitária aconteceu no período de 7 a 11 de novembro, contando com 18 eventos, distribuídos nos campi de Fortaleza (Itaperi), Iguatu (Fecli) e Quixadá (Feclesc).

O secretário Carlos Décimo falou sobre o tema “A universidade como instrumento de construção de saberes coletivos, democratização inclusiva e superação das desigualdades sociais”. Participaram o vice-reitor Dácio Ítalo, o Chefe de Gabinete, Altemar Costa Muniz, a coordenadora da Semana Universitária, Maria Luíza Duarte Pereira, pró reitores e professores da Uece. Antes da solenidade houve a apresentação do Trio de Flautas Transversais e Violão, formado por estudantes do curso de Música da Uece.

Reflexões

Carlos Décimo fez algumas reflexões de como a fome se interiorizou no Brasil e sobre o discurso “falacioso” de meritocracia. “Os dados são alarmantes. Só no Ceará, 2 milhões 400 mil cearenses sofrem a dor da fome. Acordam todos os dias sem ter o que comer”. No Brasil, são 36 milhões de pessoas em insegurança alimentar.

Citando cientistas, músicos e muitos outras pessoas que lhe inspiram sempre, Carlos Décimo, lembrou o Prêmio Nobel de Ciência, Joseph Stiglitz: “90% dos meninos nascidos em lares pobres morrem pobres, não importa quão capazes sejam. Mais de 90% dos meninos nascidos ricos vão continuar ricos, independente do quanto estúpidos sejam. Portanto, mérito não é um valor”.

Alargar o passo

Durante sua fala, o secretário disse que não podemos deixar que o Ceará, a Terra da Luz, se torne a terra da fome. Reconheceu os avanços do Estado em áreas como educação, tecnologia, energia limpa. “Mas tudo isso ainda é insuficiente. Precisamos alargar o passo. A meta do presidente Lula é superar a fome no Brasil. E as universidades não podem se omitir a essa situação que nos abate. É fundamental que se exija dos gestores mais politicas de estado permanentes, afirmativas e vigorosas”.

Uma outra reflexão é sobre o papel libertador da Educação e sobre exemplos de superação. Esses jovens passaram por situação muito difíceis. Não podemos glamorizar as histórias de superação. A realidade é muito pior. Não basta querer, não basta se esforça. Muitos que quiseram ficaram pelo meio do caminho. O discurso de superação, de meritocracia é mentiroso. E como diz Emicida: se a gente não falar sobre desigualdade não tem como falar sobre mérito”.

Caminhos

Carlos Décimo fez questão de ressaltar a importância da educação, da ciência e da tecnologia. “São elas que vão apontar o caminho para sairmos do abismo que nos metemos”. E destacou algumas ações da Secitece para a o Educação Superior: Edital da Funcap dirigido às mulheres pesquisadoras; Bolsa de Permanência universitária, que é de R$ 400,00. Agora a Secitece está solicitando ao Governo do Estado triplicar o valor dessa bolsa; Edital exclusivo para as três universidades estaduais (Urca, Uece e UVA), com recursos distribuídos de forma equânime; Interiorização e Expansão das universidades; Concurso Público para professores. “No entanto não basta criar campus. É preciso dar condições financeiras para o estudante ficar na universidade”.

Como auditório estava decorado com Girassóis, Carlos Décimo, que é artista plástico, citou Vincent Van Gogh, que pintou girassóis, mas também pintou a vida do povo pobre e trabalhador. E encerrou com Gonzaguinha: “Eu acredito é na rapaziada, que segue em frente e segura o rojão…. Eu vou à luta com essa juventude, que não corre da raia a troco de nada. Eu vou no bloco dessa mocidade, que não tá na saudade e constrói a manhã desejada”.