Desertificação: live com especialistas aborda redução e efeitos das áreas degradadas

18 de junho de 2021 - 12:56


Evento foi uma promoção do projeto “Conexão Secitece”, que em junho traz para debate a temática do meio ambiente

Nesta quinta-feira (17/6), o projeto “Conexão Secitece – Todos Ligados na Ciência” promoveu mais uma live, desta vez em alusão ao Dia Mundial de Combate à Desertificação. O evento contou com a participação de especialistas nacionais e internacionais, que destacaram os esforços na recuperação das áreas degradadas e as alternativas para reduzir os efeitos deste fenômeno, que no País atinge todo o Nordeste, além dos estados do Espírito Santo e Minas Gerais – o chamado Semiárido Brasileiro.

O debate foi conduzido pelo secretário Inácio Arruda, que ressaltou a importância da data, sobretudo para o Ceará, que possui como bioma a caatinga, com grande vulnerabilidade para a desertificação. “Não é à toa que o nosso Estado é uma referência no assunto e deu enorme contribuição para os planos estadual, nacional e internacional acerca do tema”. Em 2007, quando Senador da República, Inácio apresentou projeto que resultou na lei que estabeleceu a “Política Nacional de Combate e Prevenção à Desertificação”, sendo destaque em diversos eventos sobre meio ambiente e clima, dentro e fora do Brasil.

Presente na live, o pesquisador Antônio Rocha Magalhães, que coordenou a ICID+18, conferência sediada no Ceará e que reuniu mais de 100 países, fez um breve histórico da trajetória percorrida em torno dos estudos sobre Desertificação e da ascensão desta pauta como tema imprescindível para o desenvolvimento sustentável. Atualmente, cerca de 42% das terras descobertas do planeta sofrem com este fenômeno.

Rocha destacou ainda o “efeito sanfona” existente nos locais degradados, que faz a economia oscilar entre os períodos normais e secos. “No caso do Ceará, mesmo com os açudes, as secas extremas fazem desaparecer as atividades agrícolas e todo o comércio é afetado, sendo a economia mantida por meio de transferência financeira dos governos”, pontuou.

A cientista argentina Elena María de las Nieves Abraham (Iadiza/Conicet) trouxe o dado de que 151 países sofrem efeitos relacionados à desertificação, com milhares de pessoas afetadas – os chamados “imigrantes da terra”. A pesquisadora questionou o fato de considerarem as terras secas como ecossistemas frágeis. “Como pode um sistema ser frágil se consegue reagir imediatamente com o mínimo impulso negativo ou positivo?”, indagou. Nesse sentido, alguns dos impulsos positivos para as áreas degradadas seriam as colheitas sustentáveis, a gestão de pastagens, os incentivos políticos, além de pesquisas e investimentos.


Trabalho articulado

O presidente da Funceme, Eduardo Sávio, destacou que o grande desafio do poder público em torno da desertificação é trabalhar de maneira articulada. “Ainda trabalha-se de forma setorial, e quando vemos as grandes iniciativas, estas são feitas com um olhar macro. Assim, os atores locais ficam sem voz. É preciso dialogar e envolver as comunidades, com uma Governança abrangendo os vários atores, pois isso impacta diretamente nesses macrossistemas”.

A representante da Embrapa Caprinos e Ovinos, Ana Clara Rodrigues, apresentou algumas iniciativas da instituição, a exemplo dos sistemas integrados, como o Agrossilvipastoril e a Frutiovinocultura, que associam cultivos agrícolas e atividade animal, além de aplicativos e outras ferramentas para mitigar os efeitos da desertificação no Estado.


Para o representante do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), José Roberto de Lima, são as políticas públicas as capazes de enfrentar e mudar o cenário das áreas degradadas e de outros setores como a educação, a saúde e o meio ambiente como um todo. “Precisamos de estrutura para enfrentar a desertificação”, disse, enfatizando que o grande desafio do futuro é o avanço das áreas degradáveis.

O representante do programa Cientista-Chefe na área de Meio Ambiente, Marcelo Soares, ressaltou a importância da conscientização popular e a promoção de políticas públicas na área, destacando o programa estadual “Agente Jovem Ambiental”, que reúne mais de 10 mil jovens nos 184 municípios.
Outros eventos 

Em junho, mês em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, o projeto Conexão Secitece está promovendo eventos que estimulam um novo olhar sobre os problemas ambientais, com foco na solução e na atuação do ser humano como agente transformador. A ideia é mostrar o importante papel da Ciência e da Tecnologia como aliadas na conservação e preservação da natureza.

No dia 23/6, haverá a estreia do novo episódio do Podcast “Conexão Secitece” com um bate-papo sobre “Ciência do Mar: sustentabilidade e desenvolvimento”, em alusão ao Dia Mundial dos Oceanos, também comemorado em junho. O secretário Inácio Arruda vai conversar com Rozane Valente Marins (Labomar) e Janice Trotte (MCTI). Finalizando a programação do mês, a Videoaula “Consumo consciente na prática: dicas para economizar e preservar o mundo em que vivemos”, com a especialista Suely Chacon (UFC).

Sobre o Conexão Secitece

O projeto Conexão Secitece é uma realização do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece). Todo mês, um tema central é abordado sob diversos aspectos por especialistas das áreas de empreendedorismo, inovação, saúde, educação, ciência e tecnologia. São lives, webinares, podcasts e videoaulas – tudo para levar conhecimento de forma descomplicada para um público cada vez maior, através do uso de plataformas de comunicação digital.