FdC: Sônia Guimarães aponta caminhos para combater desigualdades com Ciência e Tecnologia

27 de novembro de 2018 - 15:00

 

A professora falou sobre inclusão social e defendeu a política de cotas como forma de reduzir as desigualdades

O olhar já é treinado para onde estiver já reparar em quantos negros estão no ambiente e na presença das mulheres em locais de fala e trabalho. Faz parte da militância da profa. Sonia Guimarães, a primeira mulher negra a ser doutora em Física no Brasil, e a primeira mulher a ingressar no corpo docente do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

Foi com este olhar aguçado que ela fez questão de andar por todos os estandes da segunda Feira do Conhecimento, horas antes da sua palestra no sábado (24), no Centro de Eventos do Ceará. Ela ainda foi convidada pela secretária Nágyla Drumond a participar da premiação do Salão do Inventor do Ceará.

“Fiquei muito feliz de ver um igual número de homens e mulheres, tanto alunos quanto professores, participando e sendo premiados”, disse. Sua palestra teve como tema “Ciência para Redução das Desigualdades”, o mesmo desta segunda edição da Feira. Sonia Guimarães atraiu olhos e ouvidos atentos a seus questionamentos e posturas no palco da Arena Ciência.

Ela defendeu a lei 10639/2003 sobre a obrigação do ensino da história dos africanos nas escolas. Falou da cultura negra antes da invasão dos colonizadores europeus que a destruiu, a escravizou e a vendeu como mão de obra para a ocupação do Continente Americano.

Citou autores e livros para um maior conhecimento desta história nunca vista nos livros didáticos até agora. “Se realmente existiu Adão e Eva, eles nasceram no Centro Sul da África”, disse a pós-doutora em Física. Há provas que os bantos já desenvolviam conhecimento científico avançado na matemática, geometria, astronomia, agricultura de vários insumos hoje fundamentais para o mundo contemporâneo.

Num segundo momento, Sonia Guimarães falou de inclusão social, defendendo a política de cotas como forma de reduzir as desigualdades de séculos de exploração. Para ela, estamos num momento da história que as desigualdades podem se agravar. “Se as pessoas não se conectarem aos conhecimentos de informática, não haverá mercado de trabalho pra elas dentro de menos de 10 anos. Muitas profissões estão se extinguindo e outras estão surgindo. É preciso estar atento a estas mudanças!”.