Astrofísico cearense Daniel Brito realiza palestra na FdC

23 de novembro de 2018 - 15:25

Acidentes cósmicos e exoplanetas foram os temas da apresentação. Secretária Nágyla Drumond deu as boas-vindas ao palestrante

Entender o surgimento da vida em um universo caótico e instável é uma das questões que mais motivam as pesquisas de astrofísicos e cientistas em todo o mundo. Este foi o mote da palestra “A Vida é um Acidente Cósmico?”, apresentada na noite desta quinta-feira (22), no Palco do Conhecimento, pelo astrofísico cearense e professor da UFC, Daniel Brito de Freitas.

Segundo Daniel, os acidentes cósmicos são comuns no universo. Choque entre planetas, colisão de asteroides, mudanças gravitacionais, são exemplos de movimentações que dão fim e origem a astros e estrelas, e a vida na Terra só é possível porque o planeta habita uma zona segura do sistema solar, atravessando um longo período de estabilidade dentro do caos cósmico.

“A zona habitável é uma região do espaço que permite a um planeta ter a presença de água em estado líquido na sua superfície. A Terra habita essa zona, pois está distante do sol e sua água não evapora, e, no entanto, também não está distante o suficiente para que a água congele”, explicou o palestrante.

Baseando-se em alguns estudos científicos, Daniel explicou outra questão que favorece a manutenção da vida na Terra: a presença de Júpiter no Sistema Solar. Isso ocorre devido a enorme massa do planeta gasoso, que gera um grande poder gravitacional que atrai asteroides e corpos celestes que poderiam se chocar contra a terra.

As condições favoráveis que permitem a vida no globo, porém, estão sujeitas a acidentes cósmicos que podem vir a extingui-la. “O sol, a principal estrela do nosso sistema solar, está sempre em crescimento. Atualmente, podemos dizer que ele é um jovem, e daqui a bilhões de anos, quando alcançar a maturidade, terá crescido e vai se aproximar da Terra a ponto de expulsá-la da zona habitável. Por conta do calor, a água do planeta vai evaporar, e sem água não há vida”, disse Daniel.

Segundo o palestrante, a humanidade só vai conseguir se livrar da extinção se encontrar outro planeta em condições de abrigar a vida, e por isso astrofísicos de todo o mundo se lançam em observações espaciais na tentativa de identificá-lo. Nesse momento, Daniel comentou sobre os exoplanetas, nome que se dá a qualquer planeta que esteja em órbita de outra estrela que não seja o sol. Um planeta que pertença a outro sistema planetário que não seja o sistema solar.

No universo existem milhares de exoplanetas. Até o ano de 2018, mais de três mil já havia sido identificados. Para os cientistas, a descoberta de exoplanetas gigantes em outros sistemas planetários pode indicar que eles atuam como Júpiter, sendo uma espécie de “faxineiro” daquele sistema, e sugando corpos celestes e outras ameaças, o que permitiria que em planetas menores e próximos houvesse vida extraterrestre, caso eles estivessem em uma zona habitável.

Daniel Brito, inclusive, foi um dos descobridores de um exoplaneta, o lc 46519122B, encontrado em observações que ocorreram entre 2013 e 2015, e que reuniu pesquisadores brasileiros, chilenos, alemães, e de outras nacionalidades. Segundo Daniel, o exoplaneta está distante cerca de 2.900 anos luz de distância da terra, no aglomerado de estrelas intitulado lc 4651.

O exoplaneta foi descoberto através da técnica da Espectroscopia (Efeito Doppler da Luz), que consiste em observar uma estrela por meio de um telescópio e notar se a sua luz sofre uma mudança visual de frequência. Essa mudança seria o indicador que a estrela se movimenta, aproximando e se afastando de nós, e esse movimento só seria possível devido a um efeito gravitacional de algum planeta escondido que estivesse próximo a essa estrela.